alibi-a-bá

Monday, October 30, 2006

em brainstorming com o meu irmão M chegámos (ele primeiro eu depois) a uma ideia nobável, algo que me deixa em pulgas, secretíssssimmmmaaa como ele pediu. mas a precisar de imenso investimento

agora resta-me começar a jogar no euro-milhões!

Saturday, October 28, 2006

ainda nas palavras dos outros


"Longo tempo, foi pelo olhar que venceu.
Estrelas dobravam o joelho
quando seus olhos combativos se levantavam.
Ou ele olhava ajoelhado
e o perfume da sua insistência
fatigava um Divino, tanto
que ele, dormindo, lhe sorria.

Torres que ele olhasse assim
amedrontavam-se:
punha-as de pé, rependinamente, num ápice!
Mas quantas vezes, de dia
sobrecarregada, a paisagem
ao entardecer, repousava na sua tranquilidade atenta.

Animais havia que entravam, confiantes,
no olhar aberto, pascente,
e os leões cativos
fixavam-no como uma liberdade indestrutível;
havia pássaros que num voo directo o atravessavam,
o sensível; flores
reflectiam-se nele
grande como em crianças.

E o rumor de que existia um contemplante
emocionava os menos
duvidosamente visíveis,
tocava as mulheres.

Há quanto tempo contemplando?
Há quanto tempo já intimamente frustrado,
suplicante no fundo do olhar?

Quando vivia no estrangeiro, esperando, o quarto
da estalagem, distraído, desviado,
soturno em torno dele, e no espelho evitado
o quarto ainda,
e mais tarde, do leito de suplício,
sempre ele, o quarto;
na atmosfera desenrolava-se então um debate,
de contornos pouco nítidos um debate estava havendo
sobre o seu coração sensível,
o seu conração sensível
ainda mesmo através do seu corpo dolorosamente atormentado,
um debate se desenrolava e concluía:
que ele tinha nula participação no amor.
(Recusando-lhe baptismos mais vastos.)

Porque, eis, há para o olhar um limite.
E o mundo suficientemente olhado
quer no amor cumprir-se.

A obra do olhar está realizada,
empreende agora obra de coração
sobre as imagens em ti, essas cativas; porque se
tens domínio sobre elas, não as conheces ainda.
Olha, homem interior, para a tua donzela íntima,
criatura conquistada
sobre mil naturezas,
somente conquistada,
mas nunca ainda amada."
Rainer Maria Rilke

em paz

"Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar
Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda a cidade enfim se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz"

Chico Buarque

Thursday, October 26, 2006

"Porque não pensa Nele como aquele que há-de vir, eminente de toda a eternidade, o futuro, o fruto final de uma árvore da qual nós somos as folhas? O que o impete de projetar o seu nascimento para os tempos que se aproximam e viver a sua vida como um dia lindo e doloroso da história da grande gestação? Pois não vê como tudo o que acontece continua a ser um começoe não poderá ser então o Seu começo, uma vez que o começo por si só é sempre tão belo?

(...)

Tal como as abelhas trazem o mel, também nós colhemos o mais doce que há em tudo e O construímos. Até mesmo o trivial, com o insignificante (desde que por amor) nos serve de começo, com amor e como descanso depois, com um silêncio ou com uma pequena alegria solitária, com tudo o que fazemos sozinhos, sem apoiantes ou participantes, começamo-Lo, aquele que não viveremos para conhecer, tal como os nossos antepassados não viveram para nos conhecer."
Rainer Maria Rilke, Cartas a um Jovem Poeta

rumo de vida - 3


http://www.cabelinhoapaulobento.blogspot.com/

Tuesday, October 24, 2006




rumo de vida - 2

ainda por cima pode-se ser ao mesmo tempo gira e nobável!!!



(carregando com o botão direito na foto acedem ao nome e ao motivo do prémio)

rumo de vida - 1


quando for grande quero ser nobável!!!!


(ou, todos os anos, depois de saber quem é o nobel da paz fico sp com esta inveja construtiva infantil, há que fazer qq coisa para isso, antes era o da medicina, agora é o da paz, nunca me deu para o da literatura, também a escrever assim, ohmeça! sejemos realistas. mas e então achas que o da paz? tás mas é louca, ohpá, mas eu disse nobável não foi nobel, ou seja, prontos, digna de... não me parece pedir muito, tenho tudo o que os outros têm ah pois)

Tuesday, October 10, 2006

Pego na tua dor com jeitinho. E ela hoje é uma pequena coisinha azul nas minhas mãos, frágil, como na música da Susanne Vega. Meto-a dentro da boca, centro quente e húmido, para que ela se sinta dentro do ventre de uma mãe terna. E sussurro músicas de embalar, para que a ternura ressoe nela.
E ela, essa tua dor, de olhos bem abertos, assustada como sempre, começa a descansar, pausadamente, os olhos ficam-lhe pesados, ajeita-se na minha língua, faz das suas rugosidades pequenos bonecos de peluche a que se agarra, e adormece.
Eu pego nela, nessa dor que se sabia tão assustadiça, e devolvo-ta, calma agora.
Deixa-a dormir mais um bocadinho mais, que viveu dias tão brutais.

Friday, October 06, 2006

estar desorientada é...



saber que se tem todos os ingredientes, mas não ter bem a certeza de qual é a receita

romantismo inusitado


"ainda me lembro da primeira vez que fiz as suas axilas (suspiro)"
Lurdes, minha estéticista desde os 14 anos

Wednesday, October 04, 2006

gostava de pegar nessa tua dor, que foram foste pisando até ficar um calo, e amolecê-la aos poucos, com beijos e lágrimas e abraços, para que pudesse sair devagar, um pouquinho todos os dias, dia a dia, quase sem fazer moça, na urina ou no suor, no sono ou no espirro.
e daqui a muito muito tempo, com paciência porque a dor é grande e foi ficando dura de pisada, no espaço dessa dor, entretanto purgada por todos os poros mas devagar, poderia crescer um prado.

Tuesday, October 03, 2006

edward hopper, sun empty room