alibi-a-bá

Wednesday, November 29, 2006

o que eu admiro em ti, principalmente e para além de tudo o resto, é essa ternura em bruto, assumidíssima, como se de repente tivesses apenas 3 anos, e eu descesse contigo no tempo até ao tempo em que toda a imaginação é possível.

Friday, November 24, 2006

que bom é ter riscado da lista dos "to dos" a coisa que ocupou o primeiro lugar durante 5 anos! aleluia meu irmão!

agora, sensação de papel quase branco. cabom!

Tuesday, November 14, 2006

para F.



De tanto que te ouvi acreditei no que me dizias, até que me apercebi que me dizias aquilo em que queria acreditar.
Então disse-te: e se mudassemos de assunto, sim?

Monday, November 13, 2006

quando nos incomoda que nos olhem nos olhos, o que é que nos incomoda?

Thursday, November 09, 2006

O sol nas minhas costas e as tuas palavras pelos meus olhos a dentro e este é um momento feliz, por tua causa também.

Porque a vida te sai pelos dedos e de falta de entrega nunca ninguém te poderá acusar. E de falta de coragem, e de falta de amor... nunca! nunca! NUNCA!

E serias um dos pescadores, e vesterias as sandálias, e deitar-te-ias em frente aos cavalos, e farias frente aos tanques de guerra. Porque da substância melhor que o Homem tem estás tu cheia.

Monday, November 06, 2006


Por ti tiro a maquilhagem: o baton, a sombra, o risco, a máscara, as purpurinas, o blush, o batom, a base.
Por ti saio dos saltos altos, tiro os ganchos dos cabelos, o colar de pérolas, deixo que as nuances percam a cor e que surjam, incómodos, os primeiros cabelos brancos.
Por ti retiro as lentes, de volta à miopia com que nasci, e sob a roupa deixo que vejas os primeiros sinais de velhice no meu corpo.
Por ti reduzo os decibeis, falo duas oitavas abaixo e restrinjo os temas.

Por ti assumo que não sou aquilo pelo que me vendo, em troca da atenção (tanta! toda!) de que me fiz dependente porque, tu sabes como é, viver numa casa cheia de gente nos torna assim.

Thursday, November 02, 2006

adoro a letra da minha mãe (não gosto de usar o verbo adorar, mas neste caso é uma espécie de fico maravilhada, parada, olho e não me canso).
não sei porquê. há qualquer coisa na letra da minha mãe que me faz vê-la para além daquilo que ela se mostra normalmente. uma certa ousadia, uma certa força, uma vida secreta.
tenho na carteira um papel com a letra da minha mãe. pedi-lho especificamente para isso "mãe, gosto tanto da tua letra, escreve-me qualquer coisa". e ela escreveu. algo sobre sonhos, sobre pontes. coisas que cheiram às coisas que ela costuma dizer, mas que ficaram um bocado para além disso. acho que foi uma piscadela de olho, de uma certa forma. como se me dissesse "eu sei que me viste, de uma forma que normalmente não deixo".
para próxima, e para não ficar tão comovida, a sentir-me uma menina pequenina a olhar para a mãe grande que tem, vou pedir-lhe que me escreva aquela receita de soufflé.

R - descobri que sou profundamente inocente. achava mesmo que as pessoas se conseguiam/quereriam ver para além das aparências, das circunstâncias, dos fait divers, das diversões, do show off.
N - mas porque é que as pessoas se haviam de esforçar?
R - ah, então afinal não é inocência, é megalomania! devo achar que mereço mais do que os outros.