alibi-a-bá

Friday, January 26, 2007

"onde o amor comanda, não há vontade de poder;
onde o poder predomina, falta o amor"

c.g. jung, a psicologia do inconsciente

Friday, January 19, 2007

não que fique do lado do agressor, mas este causa-me sempre mais "curiosidade" do que o da vítima.
fico a olhar a tentar deslindar porquê.
nunca acredito que não haja um porquê, que tenha sido completamente gratuito. repito para mim, como oração ou como princípio estruturador do que acontece, que nada se cria e nada se perde, tudo se transforma.
pergunto-me se aquele agressor não será ele próprio uma vítima de um outro agressor, e depois também de si próprio, fechando-se no isolamento a que ficam condenados todos os lobisomens.
e assim, quando me foco no agressor e não na vitima, procuro na verdade a vítima que há nele, uma vitima de um outro agressor, que por sua vez é uma vítima de outro agressor, que por sua vez...
e depois penso que o perdão é a única forma de quebrar o ciclo, e que o perdão é tangível real, concreto, está aqui.

Wednesday, January 17, 2007

a senhora da portagem sorri-me sempre, com um sorriso super rasgado, e eu sorrio de volta.
e no dia que se segue, ela volta a sorrir-me e eu, sorrio de volta.
e no dia que se segue apanho fila para essa portagem, e reparo que aquela senhora, fechada naquela caixinha verde o dia todo (suponho que não sejam poucas as horas de trabalho dos senhores que trabalham nas portagens), sorri a todos os que estão à minha frente (não vejo se lhe sorriem de volta) e quando chega à minha vez, sorri-me também.

a uma taxa de 1 carro por cada 5 minutos (que me parece uma estimativa por baixo), contando com 8 horas laborais, dá 96 sorrisos por dia, todos rasgados segundo a amostra que tenho feito nas filas que apanho.

eu não trabalho numa caixinha verde no meio de nenhures, e ganho bem mais que ela (suponho) e não sou tão gorda, e não tenho óculos alguemdeviaavisálaqueos80japassaram, e não sorrio tanto numa semana como ela num dia.

é uma questão de atitude, há quem a tenha, e eu aprendo com elas.

Monday, January 08, 2007

Em cada bolhinha que sopro pelo nariz, quando me imerso totalmente na água, fruto do estilo de natação que escolho, por preguiça, bruços, talvez por ser também aquele que melhor me faz às costas, sei lá, por ser simétrico e ser isso que me falta, ser simétrica, em cada bolhinha, agarradinho a uma molécula de dióxido de carbono ou de água, ou a um oxigénio não consumido, espero que vá um bocadito desse mau sentimento, esse que me espreme o esófago como se ele fosse uma toalha toda molhada que queremos seca. E imagino ele a ir-se, como se fosse uma espécie de “era uma vez a vida” que incluisse bonequinhos para os maus sentimentos. Imagino-o com a cara do virus, magrinho, berinha, maroto, puta que o pariu ele que se vá embora, assim arrastadinho para o fundinho da piscina, como se tivesse uma bolinha bem pesadinha na perna.

Friday, January 05, 2007

"Oh, Mrs. Dalloway... Always giving parties to cover the silence."


the hours, cunningham

post à beleza do sol das 8:00, reflectido nas marquises dos prédios plantados à beira da segunda circular.