Pego na tua dor com jeitinho. E ela hoje é uma pequena coisinha azul nas minhas mãos, frágil, como na música da Susanne Vega. Meto-a dentro da boca, centro quente e húmido, para que ela se sinta dentro do ventre de uma mãe terna. E sussurro músicas de embalar, para que a ternura ressoe nela.
E ela, essa tua dor, de olhos bem abertos, assustada como sempre, começa a descansar, pausadamente, os olhos ficam-lhe pesados, ajeita-se na minha língua, faz das suas rugosidades pequenos bonecos de peluche a que se agarra, e adormece.
Eu pego nela, nessa dor que se sabia tão assustadiça, e devolvo-ta, calma agora. Deixa-a dormir mais um bocadinho mais, que viveu dias tão brutais.
3 Comments:
Há uma ternura nestas palavras que afasta toda a dor bruta. Só falta que a quietude em que ficou este canto se desassossegue. Porque sabem bem estas letras.
:D obrigada miguel
Lamber a feridas a alguém que já perdeu a força para o fazer quase sempre ajuda a cicatrizar as nossas mágoas mais profundas.
sinais-de-fumo.blogspot
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