alibi-a-bá

Tuesday, October 10, 2006

Pego na tua dor com jeitinho. E ela hoje é uma pequena coisinha azul nas minhas mãos, frágil, como na música da Susanne Vega. Meto-a dentro da boca, centro quente e húmido, para que ela se sinta dentro do ventre de uma mãe terna. E sussurro músicas de embalar, para que a ternura ressoe nela.
E ela, essa tua dor, de olhos bem abertos, assustada como sempre, começa a descansar, pausadamente, os olhos ficam-lhe pesados, ajeita-se na minha língua, faz das suas rugosidades pequenos bonecos de peluche a que se agarra, e adormece.
Eu pego nela, nessa dor que se sabia tão assustadiça, e devolvo-ta, calma agora.
Deixa-a dormir mais um bocadinho mais, que viveu dias tão brutais.

3 Comments:

Blogger Miguel Marujo said...

Há uma ternura nestas palavras que afasta toda a dor bruta. Só falta que a quietude em que ficou este canto se desassossegue. Porque sabem bem estas letras.

10:07 AM  
Blogger ana said...

:D obrigada miguel

11:00 AM  
Blogger oldmirror said...

Lamber a feridas a alguém que já perdeu a força para o fazer quase sempre ajuda a cicatrizar as nossas mágoas mais profundas.

sinais-de-fumo.blogspot

10:54 AM  

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